Televisão
Lisboa, 06 Mar (Lusa)
A RTP passa a transmitir a partir de sexta-feira os noticiários com legendagem para deficientes auditivos, uma iniciativa inédita a nível mundial que pretende cumprir o serviço público promovendo maior acesso dos cidadãos à informação.
O projecto, designado como Tecnovoz e hoje apresentado pela estação pública,, consiste num sistema de legendagem automática desenvolvido pelo Laboratório de Sistemas de Língua Falada do INESC-ID Lisboa em colaboração com a RTP.
Trata-se de um sistema de reconhecimento automático de fala que transcreve para texto o áudio produzido nos telejornais, ou seja, “transforma sons em palavras e em números escritos”, explicou um responsável do INESC.
Com um vocabulário de 100 mil palavras, as legendas são apresentadas em diferentes cores para os oradores masculinos – branco – e para os oradores femininos – amarelo.
A iniciativa inicia-se sexta-feira – dia em que a RTP cumpre 51 anos – com carácter simbólico de celebração do aniversário, explicou Guilherme Costa, presidente do conselho de administração da RTP.
“É uma iniciativa inovadora, que cumpre o serviço público de melhorar as acessibilidades. Ninguém mais tem um sistema de reconhecer a voz a legendar em tempo real. Sendo um sistema inovador, tem um carácter experimental e deverá sofrer uns pequenos ajustes nos primeiros tempos”, acrescentou Guilherme Costa.
Segundo Francisco Teotónio Pereira, responsável da área de multimédia, na base desta iniciativa estão “três princípios fundamentais: acesso universal para todos, sem custos para os utilizadores e acesso a funcionalidades adicionais em função das necessidades do público”.
A RTP tenciona aumentar o número de programas com esta funcionalidade – legendagem em português – com uma especial atenção para o público infantil que está a começar a ler, adiantou.
Para já, o público poderá passar a seguir o “Jornal da Tarde” e o “Telejornal” através da legendagem, que selecciona na nova página 885 do teletexto.
Sendo um sistema totalmente automático, tem vantagens, mas também tem riscos e problemas, um dos quais consiste num certo atraso com que as legendas aparecem no ecrã em relação às vozes, alertou o responsável do INESC.
“Há um tempo de latência de aproximadamente 6,5 segundos. O reconhecedor funciona em 3 a 4 segundos e a criação da legenda demora outros 3 segundos. Os dois juntos geram o atraso que o sistema actualmente tem”, explicou.
Outro problema prende-se com o facto de a legenda só ficar no ar durante o tempo da intervenção do orador, pelo que se alguém fala com um ritmo muito acelerado, a legenda também fica pouco tempo.
A secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, sublinhou o carácter inovador a nível mundial do Tecnovoz, revelador da capacidade portuguesa de participação e de adesão a novos projectos.
“Portugal tem hoje um conjunto de respostas e projectos inovadores que se afirmam em todo o mundo, mas continua a ter dificuldade em divulgar”, considerou, acrescentando haver hoje “um conjunto de respostas para cidadãos com necessidades especiais”, para as quais a RTP “deu um contributo muito grande ao permitir que o acesso à informação e à comunicação seja para todos”.
O Tecnovoz estará em permanente avaliação pelos utilizadores e em constante alteração com vista a melhorar a sua qualidade.
AL.
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