Inspirado na Obra Poética de Eugénio de Andrade
A PELE e a A.S.P. – Associação de Surdos do Porto, com desejo partilhado de cimentarem pontes de comunicação entre a comunidade Surda e Ouvinte, têm vindo a estabelecer um diálogo através do Teatro — enquanto linguagem universal. Com o apoio inicial do INR — Instituto Nacional para a Reabilitação do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, resultaram duas criações teatrais e um Livro: “Nascemos da Água e à Água Voltaremos”, em 2008 e “Eram umas quantas vezes”, em 2009, ambos estrearam no Porto. A partir deste último processo/espectáculo construímos o Livro “Eram umas quantas vezes — registo de um processo” que será lançado em 29 de Outubro de 2011 (a acompanhar a estreia da nova criação teatral “QUASE NADA”), financiado pela Secretaria de Estado da Cultura / DGArtes e a Federação Portuguesa de Associações de Surdos.
Dar continuidade a um trabalho desenvolvido pela PELE, de forma a consolidar e apoiar o Grupo de Teatro de Surdos do Porto, em novas pesquisas artísticas e novas criações foi um dos objectivos deste projecto, o que nos levou a procurar os co-produtores: A.S.P., Serviço Educativo da Casa da Música e o Serviço Educativo da Fundação Ciência e Desenvolvimento da Câmara Municipal do Porto.
Procurando que as barreiras entre as comunidades surda e ouvinte sejam ultrapassadas, através de experiências artísticas, contribuindo para a inclusão e coesão social de uma comunidade com pouco acesso à educação e vivência artística.
QUASE NADA promoveu a pesquisa da Língua Gestual Portuguesa e o seu potencial teatral/corporal, propondo o cruzamento de línguas (língua portuguesa e gestual portuguesa) e linguagens (poesia, teatro, música, dança), para a criação de novos discursos. Aproximando pessoas que falam com a boca e as pessoas que falam com as mãos através da criação de um discurso comum, o artístico.
As palavras de Eugénio de Andrade interpretadas por corpos surdos mas vibrantes e cheios de som, que enchem o espaço com o movimento, explorando o corpo das palavras, criando coreografias do gesto. “QUASE NADA” promove uma intensa troca corporal, onde as vírgulas, os tempos verbais, os sentimentos e as intenções serão tocados num orgânico teclado de notas que vibram para além do som e que se estendem por todo o espaço.