Prevenção da Deficiência

Diário do Minho – 29 Dezembro 2003
(Elisabete Carvalho) – Braga


Muitas deficiências previnem-se durante o período de gestação.

Há casos de deficiência que podem e devem ser prevenidos mesmo antes do nascimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde, dez por cento da população dos países em desenvolvimento é portadora de algum tipo de incapacidade e 70 por cento destes, aproximadamente, podem ser evitados, por intermédio de exames médicos pré-natais, alimentação adequada das gestantes,
vacinação e outros cuidados.

De acordo com o estudo “Deficiência, Prevenção e Inclusão”, desenvolvido pelo Governo Civil de Braga, no âmbito do Ano Europeu da Pessoa com Deficiência, «é muito importante a prevenção na gravidez e no período peri-natal».

Há factores de risco, quer biológicos, quer ambientais, que não devem ser descurados, pois podem estar na génese de situações de deficiência na criança. Além disso, há causas genéticas e/ou pré e peri-natais que actuam, muitas vezes, em cascata.

O inquérito feito a 3.111 pessoas do Distrito de Braga com deficiência adverte que a continuidade e coordenação de cuidados de saúde, na primeira infância são essenciais, uma vez que a detecção precoce dos problemas é crucial para uma intervenção atempada. O cérebro da criança em idade precoce apresenta uma maior plasticidade, tornando-se mais influenciável não só a factores de carência, mas também favoráveis ao seu óptimo desenvolvimento.

Contudo, a prevenção não se consubstancia apenas num planeamento familiar, aconselhamento genético, assistência peri, pré e pós natal, mas também numa educação para a saúde, higiene e segurança no trabalho, segurança rodoviária, segurança no domicílio, nas actividades desportivas e recreativas, ou seja, num conjunto de medidas plurisectoriais que visam impedir o aparecimento ou agravamento da deficiência e das suas consequências de natureza física, psicológica e social.

No que respeita à fase pré-concepcional e pré-natal e sabendo que os riscos da má formação do feto ocorrem, sobretudo, durante as primeiras semanas de gestação, a prevenção deve iniciar no momento em que a mulher decide engravidar.

O acompanhamento médico é imprescindível, pois através de uma série de exames será possível eliminar alguns riscos de problemas com o bebé. Por exemplo, a rubéola adquirida durante o primeiro trimestre de gravidez pode levar à má formação do feto, aborto, deficiência visual e auditiva, microcefalia e deficiência mental. O mesmo se verifica com a sífilis e a toxoplasmose.

As grávidas com hipertensão arterial crónica, diabetes, anemias ou tipo sanguíneo RH negativo requerem uma atenção especial, na medida em que o desenvolvimento do bebé pode estar comprometido, se não houver vigilância clínica constante.

Durante a gestação, é fundamental elaborar, de igual modo, um histórico da saúde do bebé, por intermédio de técnicas disponíveis que orientam o médico sobre o tempo de vida, crescimento e desenvolvimento, tamanho, posição e conforto fetal.

Após o nascimento, o recém nascido tem de ser examinado a nível cardíaco, respiratório, muscular e dos reflexos. O teste do pezinho é imprescindível para detectar a existência de duas doenças congénitas: o hipotireoidismo e a fenilcetonúria.

Na primeira idade, as probabilidades de adquirir uma deficiência persistem. A meningite, o sarampo, traumatismos, intoxicação por medicamentos e produtos de limpeza, acidentes com objectos cortantes e fogo são riscos que têm de ser eliminados. Na lista de recomendações encontra-se ainda a priorização do aleitamento materno, cumprimento rigoroso do plano de vacinação e a ingestão de medicamentos apenas com prescrição médica.

A aposta na prevenção da deficiência – refere o estudo – passa ainda por educação sob a nutrição, campanhas de vacinação contra doenças transmissíveis, medidas de luta contra doenças endémicas, um alerta para os perigos de acidentes domésticos, rodoviários e de lazer, adaptação dos postos de trabalho de modo a evitar incapacidades provocadas pela poluição do meio ambiente ou por conflitos armados e sensibilização para adopção de comportamentos dissuasores do consumo de álcool, droga e tabaco e auto-medicação.

A Associação de Surdos do Porto (ASP), sendo uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), mantém os mesmos objetivos desde a sua criação, que é defender os Direitos das Pessoas Surdas para que fiquem em pé de igualdade dos demais cidadãos, bem como zelar pelos seus deveres.

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