A dupla de pesquisadores Holt e Géléoc, da Universidade da Virgína (EUA)
Americanos identificaram gene e proteína que ajudam a transmitir sinais do ouvido para o cérebro.
Um novo estudo deve abrir oportunidades para o desenvolvimento de terapias genéticas para pacientes com deficiência auditiva. Cientistas de diversas universidades americanas conseguiram desvendar o mistério de como o ouvido humano converte as vibrações sonoras em impulsos eléctricos que são interpretados pelo cérebro.
A pesquisa foi detalhada na edição online da segunda quinzena de Outubro da revista Nature.
Os cientistas identificaram a proteína TRPA 1 nas extremidades das pequenas células sensoriais no interior do ouvido. Eles descobriram que TRPA1 converte sons em impulsos nervosos, que são transmitidos ao cérebro. A identificação da proteína e do gene que a codifica poderá possibilitar no futuro um tratamento contra a surdez.
Segundo Jeffrey Holt, neurocientista da Universidade da Virgínia, a proteína TRPA1 forma um canal semelhante a uma rosquinha na membrana da célula localizada no interior do ouvido. “Na falta de som, o canal fica fechado. Mas, quando o som alcança a proteína, a passagem é aberta, permitindo que fluam íons de potássio e cálcio para dentro das células. Esses elementos carregam cargas positivas, o que permite gerar um sinal eléctrico que é transmitido ao cérebro”, diz o cientista.
O próximo passo será estudar o gene que codifica a TRPA1 em pacientes surdos, que deve ser uma forma alterada do gene TRPA1. “Essencialmente, se nós conseguirmos pegar uma cópia correcta do gene e reintroduzi-lo nas células localizadas no interior do ouvido, poderíamos ser capazes de restaurar a audição nas pessoas com disfunções auditivas hereditárias”, diz Holt.
Nos últimos 25 anos, foram acumuladas diversas evidências que indicavam que uma proteína em forma de rosca deveria ser a principal responsável pelo funcionamento da audição humana, mas os cientistas não conseguiram identificá-la, apesar de muitos esforços. Holt e Gwenaëlle Géléoc, também pesquisadora da Universidade da Virgínia, observaram que foram necessárias 18 horas para o desenvolvimento da célula no interior do ouvido em embriões de ratos. Essa pesquisa ajudou-os a identificar que o gene TRPA1 foi activado durante as mesmas 18 horas, permitindo com isso que os cientistas caminhassem em direcção à descoberta.
Participaram da pesquisa cientistas de diversas instituições: Universidade da Virgínia, Universidade Northwestern, Universidade Duke, Escola Médica de Harvard e os Institutos Nacionais de Saúde. “Ao identificarmos o TRPA1, foi aberto um vasto campo para pesquisas sobre audição e surdez em neurociência e ontologia. Nós enfocamos essa questão por meio de diversos ângulos, diversas técnicas e diversas pesquisas laboratoriais. O fato de nós chegarmos a uma mesma resposta de forma independente nos permite elaborar muito mais argumentos científicos convincentes do que qualquer outro cientista ou laboratório sozinhos”, diz Holt.
(Fabiana Pio)
Fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/conteudo/noticia/noticia_82.html